Desde o meu último post, achei que devia parar de escrever sobre determinadas porcarias.
E como foi que tive esta iluminação?
Simples. Apanhei o autocarro para Lisboa (calma, este é o início da história e não me apeteceu fazer parágrafo o que pode dar azo, propositado, a segundas interpretações).
Lá estava eu no terminal dos autocarros à espera do respectivo e chega um gajo com um andar estranho. Parecia que vinha todo borrado e por cada passo que dava mexia o tronco para a frente e para trás, inclinando-se para a frente e para trás. Ele devia chamar-lhes estilo. Eu digo que estava cagado.
O gajo senta-se no banco como se estivesse no sofá de casa e para passar o tempo, achou que devia entreter-se a escarrar para o chão. Era quase uma de dois em dois minutos. Um nojo impressionante.
Chegou o autocarro. Finalmente ia acabar aquela porcaria para a minha vista.
Entrei e o gajo também.
De facto, parou a porcaria para a minha vista, mas não para os meus ouvidos. Passou metade da viagem a fazer barulhos com a garganta como se estivesse a formar a respectiva, mas sem cuspir (nem quero pensar no que lhes fazia).
Tentei distrair-me e pensar em gajas famosas a correrem nuas para me apanharem e comerem-me como se não houvesse amanhã. Nisto, o cabrão da frente começa a ressonar.
Santa punheta. Será possível? A sinfonia do gajo de trás com o gajo da frente era um incentivo a tornar-me num hooligan dos autocarros. A raiva estava a a sair por todas as células do meu corpo.
Pronto. Vamos ouvir música. Merda, passado um bocadinho acabou a porra da pilha. Felizmente, já faltava pouco para chegar e os barulhos tinham acabado. Iupi. Vejo uma miudinha de dois bancos à frente, pôr-se de joelhos no banco e virar-se para trás.
"Para fazer o quê?" - dirão vocês.
Calma punheta, que estou a contar a história.
Virou-se para trás e começou a contar as piadas mais secas que já ouvi na minha vida. Do pior.
A viagem chega ao fim. Finalmente.
Saio do autocarro, ouço ainda a última escarreta do gajo que saiu a seguir e fui à procura da garrafa de vinho mais próxima e de um bocadinho de comida para acompanhar.
Ou seja, esta viagem foi remédio santo para parar de escrever sobre as minhas nojices. Nada como pôr-me na posição da outra pessoa.
Para quem ficou a pensar na Santa punheta, não, não tem dia feriado.
Beijinhos no sítio do costume,
Almancil