segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Fim de semana calmo


E lá se foi o fim de semana.
É verdade. Tive um fim de semana calminho. Sim, que o dinheirinho não estica (sim, também não tive nenhum desafio espectacular - se é para poupar, ou é aliciante, ou chuta-se para o lado).
E que maravilhoso fim de semana foi este. Acordar, no Sábado e no Domingo sem sentir a garganta seca, arrotar ainda a alcool, cheirar a fumo e ter o cabelo pastoso.
Que maravilha. Nem estava de rastos com o cansaço e consegui ajudar o meu pai na horta sem cair logo para o lado após a 3ª cavadela. Espetáculo.
E melhor, não gastei um tostão. Pronto, paguei um cafezinho e gastei algum gasóleo. Tirando isso, impecável.
Parecia um dia semana, mas sem ir trabalhar.
Uma manhã de Sábado, ou de Domingo, sem ter de semi-fechar os olhos com a luz do sol enquanto tentamos descubrir a caminha esperando que ela não comece a mexer-se e que ninguém ligue nas 12 horas seguintes.
É sempre nesses momentos que nos ligam: no dia seguinte, pós ramboia, antes de passadas 12 horas.
-"Então, aquilo é que foi, hã?" - ligam normalmente para dizer este tipo de merdas e depois admiram-se que um gajo, ou não atende, ou diz que está a ficar sem bateria e desliga.

Se vives com os teus pais, então tens outra barreira: o almoço.
Palavras da mãezinha ao meio dia:
-"O almoço está quase pronto. É feijoada." - man, quem é que perguntou alguma coisa? Que voz esganiçada era aquela que me rogou uma praga chamada feijoada? Alguém que me abata, porque não vou conseguir continuar a competir com estas condições.

12h45
-"Filho, o almoço está na mesa. Vá." - quero lá saber disso, mas se não for pode haver bronca, ou mostrar que tive uma noite de alcool e gastadora. Uma garfada de feijão também não vai matar e levantas-te e vais disfarçar para a cozinha. Estúpido, tresandas a alcool de tal forma que até o gato fugiu para a rua. O teu pai está rir e a imaginar quantas gajas terás comido no carro e a tua mãe tenta disfarçar e espera que pelo menos não tenhas fumado drogas.

Se estiveres em casa da avó é um pouco dferente:
Palavras da avozinha às 10h
-"Levanta-te, que já é tarde." - ignoras e fazes uma reza para que aquela voz não se ouça tão cedo.

11h
-"Que queres almoçar?" - diz a avó.
-"Qualquer coisa."
-"Mas se tu disseres o que queres, eu posso ver se há para fazer."
-"Oh mulher, faz o que te apetecer." - quero dormir, punheta. Quero lá saber do almoço (estas últimas palavras só podem ser pensadas).
-"E se eu fizer um franguinho com tomate?" - ai mãe, que me quer matar.
-"Pode ser." - dizes em desespero para que se vá embora.
Mas a avó não se vai embora, porque ainda vai querer saber o que queres para acompanhar o frango e se vais mesmo almoçar em casa.
Tudo isto é um luxo, mas depois de um concerto de copofonia, durante uma noite inteira, passa a castigo e não conseguimos dar valor.
Duas horas depois, vai ao teu quarto sem bater à porta, claro está e começa a saga para ir almoçar:
-"O almoço está pronto. Ainda não queres vir?" - diz a avozinha.
-"Já vou." - mentiroso.
-"Estás bem, filho? Estás doente? - diz a avozinha meia hora depois de espera sentada à mesa a olhar para a televisão.
-"Estou." - sim, estás a mentir outra vez.
-"Mas não vens comer. Comeste alguma coisa que te fez mal? Andas por aí a comer porcarias." - ah, santa ingenuidade.
E a única forma de acabar esta conversa sem ser bruto, é mesmo ir comer.

No fundo, isto é como fazer um minete a uma gaja depois de uma noite de queima: são pequenos sacrifícios, para se ter e manter um bem maior.

Beijinhos no sítio do costume.
Almancil

3 comentários:

Anónimo disse...

Ia comentar a parte do fim de semana tranquilo sem gastos e sem cansaço associado a copofonia da valente, umas mini férias vá,mas cheguei ao ultimo parágrafo e pensei "estava a achar estranho este post não ter uma alusão a este tema!"
Por vezes é bom acalmar um bocadinho e, noite de copos é muito boa mas, já o dizia o grande mestre (que não é o Almancil) "quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga!"

Beijinhos
Vi

Anónimo disse...

Desta vez chorei a rir, porque a cada momento da tua história conseguia ver a tua cara na perfeição, bem como a do teu pai, a da tua mãe e a da tua avó a terem aquelas atitudes...
Só uma coisinha que poderás não saber, depois de uma noite de copos na queima, ou em qualquer outro lado, quando chegas a casa ainda há água, e mais se a menina tomar banho, ou banhar as partes fudengas, ela não desaparece…

:)

Um abraço
Sengo

Anónimo disse...

Sengo: começas a aquece-la no parque, aqueces a menina pelo caminho, entram no elevador e é começa a loucura. Entras em casa, vais a descer e dizes:
-"Eh lá. Vai lá lavar-te se faz favor."
Aquilo é que é ver a rata entrar em processo de auto-secagem.
Almancil