terça-feira, junho 29, 2010

No outro tempo


Tem, hoje, início a rúbrica "no outro tempo".
A minha avó costuma referir-se aos seus tempos de juventude e princípios da minha vida como "no outro tempo", como se se tratasse de uma altura pré-histórica de que poucos se lembram.
Qaundo se referia aos seus tempos de moça, sim senhor, não havia problema, mas falar dos meus tempos de bebé da mesma forma, é "fossilizar-me", punheta.
Serei eu já considerado um dinossauro pela nossa sociedade? Hum.
Bom, como devem calcular não vou falar da minha avó hoje, mas sim de uma coisa que nunca mais ouvi falar: da aula nº 100.
Tanto que gostava quando chegava a aula nº 100.
-"Porquê?" - perguntarão os mais novos.
Simples. "No outro tempo" festejava-se a aula nº 100.
Levavam bolos e sumos (sim, ainda não deixavam levar minis para a escola e as iscas no pão sem uma minezinha não é a mesma coisa) e outras vezes faziamos jogos parvos.
Enfim, o que interessava era não ter aula e tinhamos a desculpa perfeita: o festejo da aula nº 100.
Prova de que os próprios professores queriam essa hora livre, era o facto de alinharem com esta ideia barata de não ouvir matéria durante uma hora.
No entanto, nunca saiamos da sala. Podiamos festejar, mas dentro da sala.
Chegavam a levar música. Nirvana, metálica e aqueles que queriam dar o ar de maus levavam sepultura, ou pantera.
Sim, porque aqueles que queriam dar o ar de duros não podiam mostrar que gostavam destas festinhas assim, então toma lá pantera.
Era o grupinho que ficava lá atrás na sala e gozava com os outros que se empanturravam de bolos e sumos enquanto estes, mesmo salivando como cães esfomeados olhavam de lado e gozavam com o creme que uns tinham no nariz, ou com aquele que se engasgou com o sumo até lhe sair pelas narinas (bom, com este também gozei).
E era isto a aula 100: um intervalo dentro de uma sala, muitas vezes a olhar para o decote e nalgas da professora, que viera de Braga e não conhecia muita gente por cá (ai, as fantasias estão a vir-me à cabeça).

Beijinhos no sítio do costume,
Almancil

1 comentário:

Anónimo disse...

do que tu te lembras