segunda-feira, março 29, 2010
Desmamem-nas
Hoje, apetecia-me fazer uma coisa diferente.
Sim, eu sei que é segunda feira, talvez o dia mais doloroso da semana.
E por que é o dia mais doloroso? Porque o corpinho já se habituou ao descanso do fim de semana.
Ah punheta. Eu conseguia habituar-me a ganhar muito dinheiro, mas não consigo habituar-me a trabalhar.
Sexta é festa.
Sábado é festa.
Domingo é sofrer por antecipação e pensar que no dia seguinte tenho preocupações, responsabilidades (quem se lembrou de inventar esta merda?), prazos, horários para cumprir que não os do bar, ou da tasca,...
É por estas coisas que o Domingo perde encanto. Mesmo quando segunda é feriado, há pessoas que sofrem no Domingo.
Quando estou de férias, nem quero saber que dia é, não vá ser Domingo, ou Segunda.
Sim, confesso. Quando estou de férias e descubro, sem querer, que é um destes dias, bebo um copo só por raiva de ser esse dia: "toma cabrão. É o teu dia, mas estou a beber copos. Que vais fazer agora? Amanhã não vou trabalhar. Não podes chamar-me a atenção, nem me fazes pensar no trabalho. Porra, já disse trabalho. Pronto. Já estou a pensar no que tenho de fazer quando voltar de férias. Ah dia de um cabrão."
Porque somos assim?
Porque nos habituamos logo ao descanso, às saídas, às festas, ao descanso, ao relaxar com uma mine na mão, ao descanso? Porquê?
No fundo somos todos como as gajas: habituamo-nos ao excelente e depois o muito bom já é merda e não chega.
Por exemplo, se levamos a nossa gaja todos os dias ao trabalho, mesmo podendo ela ir de carro, quando não podemos leva-la, ou quando não nos apetece é uma carga de trabalhos:
-"Não me podes levar amanhã, ou não queres? Se não queres diz logo."
-"Pronto, não me apetece levantar-me meia hora mais cedo. Levas o teu carro e podes sair mais cedo sem teres de ficar à minha espera." - diz o pobre coitado.
-"Ah, não me queres levar. Podias ter dito logo. Já não queres a minha companhia de manhã?"
-"Não é isso. Não me apetece fazer aquele desvio. Queria ir directo para o trabalho, mas assim podes sair mais cedo."
-"Está bem, mas tenho de levar o carro e andar à procura de estacionamento e sabes que não sei estacionar muito bem e ainda gasto gasolina com isso."
Como vimos, o sair cedo e a companhia são secundários. O trabalho de levar o carro e o gasto com o combustível é que a estão a preocupar e há vezes em que chegam a dizer isto como se fosse argumento para nos demover.
É do género: "Tens de me levar para seres tu a gastar e para eu não ter trabalho a estacionar, porque habituei-me a ter motorista." - chulice, como se diz na gíria.
Agora, se a levarmos de vez em quando, já passa a ser fixe cada vez que a levamos.
Quando vemos que começa a habituar-se, começamos a ir mais depressa, ou a fazer travagens bruscas para desincentivar o hábito.
Se ela gosta de velocidade, é uma questão de nos atrasarmos mais vezes e ir a pisar cascas de ovos com o carro.
Com as refeições é o mesmo.
Para quem faz o jantar todos os dias e não sabe como fazer o desmame, comecem a queimar ligeiramente o jantar, ou a salga-lo, ou façam pratos que ela goste menos.
Assim que lhes oferecemos o máximo com frequência, deixa de ser excelente e passa a ser bom e uma obrigação.
Ora se estamos a dar o nosso máximo, o qual já é visto por elas como satisfatório, estamos lixados, porque dai para frente, para haver surpresas de que elas gostem, normalmente, temos de abrir, forte e feio, os cordões à bolsa.
No fundos elas são como um gato: habituam-se à comida de lata e já não tocam nas espinhas, a não ser que a fome aperte (esta dica será desenvolvida no próximo post).
Beijinhos no sítio do costume.
Almancil
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3 comentários:
Não é preciso arranjar esquemas para deixar de fazer algumas coisas. Porque não se tenta o diálogo?
Os hábitos são criados pelos dois, podem ser desfeitos pelos dois também, não implicando necessariamente que um deixe de gostar do outro.
E em relação à última frase, os gatos habituam-se a comida de lata, mas também comem espinhas.
Tal como as mulheres por vezes também são obrigadas a comê-las.
E muito importante também, é que a mulher é menina para retaliações. Podes sempre optar por não a levar ao trabalho e, ao jantar, conseguires fazer qualquer coisa que de tão intragável que está que nem o cão lhe toca.
Mas depois não peças festa da boa porque ela pode reagir com qualquer coisa do género "ai depois de um dia destes ainda queres brincadeira? Sabes o que te digo? Punheta!!!"
Beijinhos
Vi
Vi: a resposta ao teu comment, virá no próximo post.
Almancil
Fico à espera :-)
Beijinhos
Vi
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