sexta-feira, março 12, 2010

Acidentes


Os acidentes de viação são algo de alucinante.
Eu não sou daquelas pessoas que gosta de ver acidentes e acha um espectáculo ver carros e peças de carros pelo ar.
Do que eu gosto é das pessoas que se juntam logo para ver o resultado do acidente, comentar o que viram antes e fazerem de peritos médicos e de seguradoras:
-"Oh amigo, não se mexa. Com o estoiro que pregou na carrinha, o mais certo é ter ficado com alguma coisa na cabeça e pode bater as botas só de pensar em levantar-se."
-"Mas cheira a gasolina." - dizia o interveniente no acidente.
-"Já lhe disse para ficar quieto. Ligue o radio, que a música distrai."
-"O senhor é médico?" - pergunta só à cautela para se acalmar.
-"Não, mas estive um ano na Guiné e já vi muita coisa."
E pronto. Um ano na Guiné e já viu muita coisa. Andam as pessoas a tirar cursos de medicina e a gastar fortunas em propinas, quando basta passar um ano na Guiné e ver muita coisa.
Mas há outro tipo de pessoas:
-"Ui, quem aqui um arranjo para cima de um conto e quinhentos."
-"Ajude-me."
-"Hum, nem com ajuda consegue recuperar este motor. Isto é que foi uma travagem, hã."
É linda a preocupação com o veículo, cagando completamente na pessoa que está lá dentro. De facto, as coisas também têm de ter alguém que se preocupe com elas.
Os mais velhos, gostam de repetir o que viram pode haver ainda alguém que não saiba o que se passou:
-"Não parou no stop. Veio por ali a fora e pumba. Moços novos. Sempre com pressa. Um stop e não pára? Depois o outro pimba. Claro. É que não parou no stop, vejam só."
A guardar na mente o "pimba", "pumba" e "parar no stop".
E se o velho enrolasse o stop, se servisse dele como supositório e pimba? O "pumba" fica para quando o cagar.
Querem ajudar, tudo bem, mas não usem o acidente como se de um arraial se tratasse para dizerem asneiradas e conviverem.
Olha lá. Aproveitar acidentes para vender minis e bifanas com laxante aos "mirones". Deve dar dinheiro. Primeiro na venda de comida e depois na venda de papel para se limpar, o qual foi esfregado com urtigas.

Beijinhos no sítio do costume.
Almancil

3 comentários:

Anónimo disse...

detesto esses gajos

Anónimo disse...

E no meio da desgraça dos outros também há aqueles que passam pelos acidentes mas, não satisfeitos, ainda voltam para trás para se certificarem que não perderam pormenor nenhum do acidente.
Depois disto vem o relato minucioso, "não vi sangue espalhado mas estava a chegar a ambulância." A curiosidade no seu auge!
Mas sejamos sinceros, quem é a pessoa que passa por um acidente e, no mínimo, não vira a cabeça só para observar o acontecimento?

Beijinhos
Vi

Anónimo disse...

Vi: e assim começam as filas. Mais vale dar a volta mais à frente e voltar pela outra faixa.
Almancil