
Uma coisa com a qual concordo e já escrevi aqui anteriormente, é com a igualdade entre homens e mulheres.
Devemos ter os mesmos direitos e as mesmas oportunidades.
E este é um pensamento bonito, mas e na prática?
Quantas vezes não lhes damos oportunidade de escolherem, ou decidirem alguma coisa e ouvimos "tanto faz", ou "é igual", ou "tu é que sabes. Para mim as 4 hipóteses são boas".
Oh please. Querem, ou não querem participar no acto decisório?
Então, o macho decide, por exemplo, ir jantar num restaurante italiano.
"Hum, vamos ao italiano da esquina? Hum." - diz a gaja.
Percebemos que algo não está bem e perguntamos outra vez se prefere outra coisa (isto, depois de lhe ter perguntado umas 2 vezes o que queria fazer, de ter dado hipóteses e de ter ouvido "tanto faz").
"Sabes, não me está a apetecer muito massa. É muito pesado para jantar."
Ouvido isto perguntamos o que sugere.
"Tanto faz, mas massa não me apetece."
Vira-se o carro e segue-se em direcção a outro sítio com umas espetadas de tamboril bem boas. É um prato mais leve e ela gosta de peixe.
"Ah vamos aí?"
"Bom, o que virá desta vez". - pensa o coitado.
"É um sítio muito grande e apetecia-me estar num sítio mais acolhedor bem pertinho de ti".
"Podemos ir ao Quebra-Bilhas." - diz o macho, já com pouco entusiasmo.
"Aí não. Está muito barulho. Queria um sítio mais calmo."
"Como por exemplo?" - diz o macho, reparando que ela tem alguma coisa em mente.
"Não sei. Tu é que conheces os sítios."
"Mas tens algum em mente?"
"Não. O importante é estar contigo."
Como terminou a frase de uma forma querida, o macho ganha novo fôlego e lembra-se de um sítio que encaixa na descrição e faz inversão de marcha.
"Vamos ao Zé Tó?" - diz a cabra com voz de desilusão.
"Não gostas do Zé Tó?"
"Gosto, mas vamos sempre aí. É sempre o mesmo."
Pára o carro e de forma ainda meiga, para disfarçar a falta de vontade de estar ali, pergunta à gaja:
"Vá. Diz aí um sítio. O primeiro que te vem à cabeça. Fechas os olhos e lembras-te de..."
Ri-se e diz:
"Não tenho grande imaginação. Não estou a ver nada."
"Então, que te apetecia comer?"
"Não tenho grande fome." - diz a vaca.
O gajo desnorteia e segue para casa, porque a vontadinha de um jantar a dois num restaurante ficou algures entre as indecisões e as inversões de marcha. Até o ambiente foi para o galheiro. Ela está gira que está, mas o romance foi-se e se for para come-la só à canzana contra o lava-loiças, dando-lhe palmadas com o ralador.
O gajo apenas quer chegar a casa, respirar fundo e fazer uma massa qualquer, porque entretanto, já é tarde para estar com grandes invenções e mesmo farto do início de noite, está com uma fome que nem vê bem.
"Pronto, nunca vamos a lado nenhum. É sempre a mesma coisa. Nunca me levas a sítios bonitos. Ficamos sempre em casa, ou então vamos beber copos com os teus amigos. E nós? E seres um bocadinho romântico de vez em quando?" - e felizmente amua e cala-se.
Sim, o ambiente está uma merda, mas pelo menos está calada. E agora, o gajo só tem vontade de dar um grito à Tarzan, espetar-lhe o nabo, atira-la contra a parede e chamar-lhe osga.
No entanto, provavelmente, o mais parecido com sexo que vai ter nesse dia, é sentir o bafo dela no focinho quando estiverem a dormir.
Bom, pelo menos não pode queixar-se que ele não está em contacto com o seu interior.
O macho até é romântico, mas a falta de capacidade adivinhatória é que atrapalha.
Beijinhos no sítio do costume.
Almancil